sábado, 20 de setembro de 2008

Todos diferentes, todos iguais??

O preconceito, racismo, e xenofobia estão e hoje e desde sempre na ordem do dia. Por um lado ainda bem, sempre que se discute trocam-se perspectivas e aumenta a possibilidade de cada um de nós potenciar o conhecimento sobre o outro e sobre o desconhecido. Por outro é sinal que ainda subsistem discriminações.

Como todos somos humanos e todos, de facto, temos direito a ter medos e anseios, mas também a oportunidade de reflectir sobre os mesmos, trago hoje um artigo que me enviaram via e-mail e que achei muito sugestivo. Proponho-o à reflexão.

http://dn.sapo.pt/2008/04/06/sociedade/se_pudesse_tiravalhe_isso_nao_posso.html

Para quem se interessa sobre este tema, há muitos filmes interessantes, mas sugiro o "Colisão". É desconcertante.

Cátia

terça-feira, 22 de abril de 2008

Uma visão dos estudantes de hoje...

Na sequência do post anterior vi um video no youtube, que pode acrescentar algo à discussão/reflexão. Não foi feito no nosso país e reflecte a realidade de estudantes mais velhos... mas penso que se adequa à nossa realidade e mostra-nos a parte que nem sempre é pensada quando se fala dos jovens e mais concretamente dos estudantes, em que tanto se diz que são o futuro do país, mas será que se faz todo o investimento (afectivo, motivacional...) necessário??

Tem o pequeno inconveniente de ser em inglês, mas cá vai:
http://www.youtube.com/watch?v=dGCJ46vyR9o

Comentem/Reflictam sobre o que vos fez sentir...

Cátia

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Educações e Violências

Depois de muito se ter dito e desdito sobre o caso do telemóvel, professora e aluna da escola do Porto, venho mostrar aqui um artigo que saiu no Jornal de Notícias no dia 30 de Março, escrito por Alice Vieira. Acheio-o muito interessante e proponho-o à reflexão.

Como não consegui achar o Link, vou transcrevêr o artigo:

"Por Alice Vieira, Escritora

Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.

Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os 'Morangos com açúcar', só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.

Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós!

Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.

Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ª ministra - que não entra numa escola sem avisar…- é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas…)

Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!

O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social.Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador.

Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar.

Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas.

Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs. E o vidro não cria empatia.

A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano.

E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido. Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.

E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.

A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.

A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar. A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento.E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã. E nós deixamos.

In Jornal de Notícias, 30.3.2008"

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Idadismo

Proponho hoje à reflexão um conceito me parece de suma importância nos nossos tempos: o idadismo.

Começando pela definição, o idadismo é, segundo Fonseca (2006)[1], o “estereótipo, preconceito ou discriminação baseados na idade”.

Num país cada vez mais envelhecido, é crucial termos consciência do modo como vemos os idosos, uma vez que isso pode ganhar grande peso na qualidade de vida, ou falta dela, das gerações que nos ajudaram a nascer, crescer e ter o mundo como o conhecemos.

Como diria Cavanaugh (citado por Fonseca, 2006)1 “uma das causas mais graves associadas ao idadismo consiste no facto dele suscitar uma atitude negativa que afecta o comportamento dos mais novos em relação aos mais velhos e que pode fazer, inclusive, com que os próprios idosos olhem para si mesmos de acordo com uma imagem socialmente conforme às expectativas generalizadas, isto é, incompetentes e incapazes”.

E este conceito está, do meu ponto de vista, de tal forma enraizado na nossa sociedade que por um lado se teme envelhecer e se tenta não parecer velho (para não se tornar incompetente e incapaz aos olhos dos outros), e por outro se tratam os idosos como crianças e como apenas dignos de papéis sociais de menor relevo.

Mas, se olharmos para as pessoas idosas (sem doença) que conhecemos, e observarmos não menosprezando, vemos pessoas capazes, com tempo disponível para si e para se dedicarem a tarefas nobres, mas muitas vezes impossibilitadas de participar nas mais variadas tarefas porque “não é para a sua idade”, “já não é tão capaz”…

Não me vou deter muito mais com este assunto, porque o que queria passar era a reflexão e a consciência da discriminação. Isto porque às vezes o que não fazemos por mal, magoa os outros, e todos irremediavelmente, numa situação ou outra e mesmo sem qualquer tipo de intenção acabamos por discriminar o velho, o novo, o doente…

Cátia


[1] Fonseca, A.M. (2006). A Noção de idade e o idadismo. In O Envelhecimento: Abordagem Psicológica (pp. 22-33; 2ª Ed.). Lisboa: Universidade Católica Portuguesa.